Beleza silenciosa

Certas vivências holísticas nos deixam cheias de energia e, ao mesmo tempo, muito tranqüilas...
É uma espécie de beleza silenciosa que estava represada em nosso íntimo e vai se tornando visível com as práticas de cura e autoconhecimento.
Hatha Yoga é uma dessas ferramentas mágicas. Suas posturas vão dissolvendo as tensões psicofísicas que impedem a circulação linfática de retirar os produtos do catabolismo e a circulação sangüínea de levar alimento para o metabolismo celular.
A professora MaFe Senger nos alerta: mais nutrição e menos "lixo" circulando só podem resultar em mais bem-estar!
E também num corpo menos inchado, mais saudável, mais nutrido, mais cheiroso e jovial.


A pessoa torna-se aluna regular de um curso de Hatha Yoga e não conta para ninguém.
Passam-se talvez alguns dias, algumas semanas, e seus conhecidos começam a perguntar:
- O que você anda fazendo? Seus olhos brilham, sua pele está diferente, você parece cheia de energia e, ao mesmo tempo, passa uma sensação de tranqüilidade!
Essa é uma situação comum de acontecer na vida de quem começa a praticar Hatha Yoga. Existe uma beleza silenciosa contida em nosso íntimo que vai se tornando evidente conforme vamos nos equilibrando no decorrer de uma prática constante. É uma beleza silenciosa que desanuvia aos olhos.
Os asanas, também conhecidos como posturas, vão trazendo tônus muscular equilibrado, dissolvendo as tensões psicofísicas que impedem ao mesmo tempo a circulação linfática de retirar os produtos do catabolismo e a circulação sangüínea de levar alimento e oxigênio para o metabolismo celular. Mais nutrição e menos 'lixo' circulando só podem resultar em mais bem estar! E também num corpo menos inchado, mais saudável, mais nutrido, mais cheiroso e jovial.
O asana tem sua beleza peculiar.
É um instrumento de percepção e aprimoramento das funções do corpo/mente.
Uma das costumeiras observações é notar, em algumas vezes ao chegar para a prática, como nosso corpo pode variar de simetria de prática para prática: chegamos para praticar e notamos que um lado está 'inchado', ou 'murcho', ou então 'pesado' ou 'leve' em relação ao outro. E, de como vamos, com auxílio das instruções de alinhamento oferecidas pelo professor ou pelo estudo do método escolhido para praticar os asanas, apreendendo o que e como fazer para coordenar nosso ser psico-mental-físico como uma unidade, combinando a aspiração natural que cada asana sugere com nosso desejo ardente de ser.

Fazer um asana não é como fazer alongamento - Na prática de asana prestamos atenção no ponto de onde saímos até o ponto onde chegamos, não é um gesto apenas com o corpo. Colocamos nossa atenção em cada parte do corpo, temos um determinado alinhamento de uma ou de algumas partes do corpo como foco, porém esse alinhamento não é o objeto ou o objetivo. O fundamental é estar presente na ação, se observar sem julgamento ou justificativa.

Os diferentes asanas servem para reaproximar as diferentes partes do corpo, sejam elas braços, pernas, órgãos, músculos, tendões, ossos, que por vezes se tornam discordantes umas das outras, assim nos oferecem a oportunidade de redistribuir as nossas virtudes por todo nosso organismo, e realinhar os atributos de nossa psiquê.

Por vezes, os asanas desafiam os paradigmas que carregamos e experimentamos a possibilidade de autenticar através da experimentação cada uma de nossas crenças. Da mesma maneira com que os asanas abrem espaço para a circulação e nutrição no corpo, também abrem espaço para a circulação e alimentação na mente e no sentir.
Com a prática regular, sensibilizamos nosso organismo para trazer equilíbrio entre os dois lados do corpo, sejam eles direito e esquerdo, da cintura para cima e da cintura para baixo, frente e costas e principalmente, o lado de fora e o lado de dentro.
Este equilíbrio orgânicado (orgânico e organizado) é conseguido paulatinamente durante a prática regular - que, aliás, pede um pouco de disciplina e de desapego de nossa parte. Disciplina para estar (sempre) presente e desapego para praticar com o entusiasmo semelhante ao de uma criança que se diverte com seu brinquedo favorito.
Praticar Hatha Yoga não se resume apenas ao 'contorcionismo' das posturas. Envolve atitudes éticas para com os outros, conhecidas como Yamas ( não violência, ser verdadeiro, não roubar, autocontrole dos sentidos e desapego) e atitudes de auto-educação, chamadas Niyamas (transparência, contentamento, esforço, auto-estudo e conhecer e fortalecer a Consciência). Yamas, Nyiamas e Asanas são as três primeiras etapas dos oito estágios do sistema de prática de Yoga proposto por Patañjali. (*)

Aproximamos, assim, nossa alma de nosso corpo físico, usando as alterações psicofísicas que os asanas provocam como instrumento de observação de nós mesmos e, a partir da sutileza, observações, nos tornamos capazes de modificar nosso comportamento, nossa mente, elaborar nossas emoções em sentimentos: nos percebemos escolhendo melhor os alimentos, as palavras, os pensamentos.

Nos colocamos de forma mais humana no mundo, nos permitindo assim viver "relações humanas honestas e transparentes, de boa vontade e camaradagem, de confiança e auto-confiança, de alegria pela felicidade alheia, de eqüanimidade diante dos infortúnios" (Iyengar, B.K. S., 2007). Essas escolhas, direcionadas para o que é humano e correto, só podem redundar em Harmonia, que é outro nome da Beleza com Liberdade.

FERNANDA SENGER
Ensina Hatha Yoga com aproximação pelo Método Iyengar em aulas e oficinas com temas fechados e leciona Alongamento e Alinhamento Ósseo no Estúdio em Cena (estudioemcena@bol.com.br)
mfesenger@terra.com.br
http://cafezinhometafisico.blogspot.com/2008/07/joguinho-de-montar.html
INDAIATUBA/SP


Fotos: www.wellvita-fitness.com , www.yogadham.com.br e arquivo pessoal







Notas:

Yoga = ioga
Asana = postura


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A prática de Yoga, segundo proposta por Patañjali é composta por oito estágios:

1) Yamas = controle, proscrições: na sua maioria, não faça! Tem por objetivo manter a ordem e a harmonia no espaço exterior, no tecido social onde a vida acontece

Ahimsa = não violência
Satya = verdade
Asteya = não roubar
Brahmacharya = tradicionalmente o celibato, pode ser concebido atualmente como a contenção sexual que valora o amor em detrimento da luxúria e extrapolado para contenção do corpo (dos sentidos), da palavra e da mente.
Aparigraha = não acumular


2) Niyamas = prescrições : faça agora! Tem por objetivo oferecer ordem à vida interior e às emoções da pessoa que os pratica

Saucha = pureza, limpeza, transparência
Santosha = contentamento, capacidade de estar em paz consigo mesmo e com tudo ao seu redor
Tapas = prática constante e cheia de motivação
Svadhyaya = estudo por si mesmo (educação continuada), e compreensão de si mesmo (autoconhecimento)
Ishvara pranidhana = "é a sensação de estar assentado no próprio corpo, na própria humanidade e na sua própria natureza animal. Ela pode ser todas essas coisas porque é uma manifestação de vida, uma expressão da força vital que une todos os seres" (Alexander Lowen, em 'O corpo em depressão: as bases biológicas da fé e da realidade' - 5ª Ed., Summus Editorial - 1983)

3) Asanas = posturas

4) Pranayama = ciência da respiração

5) Pratyahara = silenciar os sentidos, torná-los passivos ou guiá-los em direção à essência do ser

6) Dharana = concentração ou atenção completa

7) Dhyana = meditação

8) Samadhi = união, estado de Yoga, estado de graça e união com a Consciência Universal


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Citação:
Iyengar, B. K. S., Luz na Vida: a jornada da ioga para a totalidade, a paz interior e a liberdade suprema, B. K. S. Iyengar em co-autoria com John J. Evans e Douglas Abrams; tradução Silvana Vieira. - São Paulo; Summus, 2007, pág. 38.


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Hatha = forte;

Ha + Tha:
Ha = sol; o sol do corpo = alma,
Tha = lua, a mente, que tem cheios e vazios como as fases da Lua.

O Yoga do corpo, Hatha Yoga, forja um corpo forte, firme e puro com o diamante, pela cooperação do corpo com a mente. Quando corpo e mente se unem, a mente se acalma e a alma ilumina o corpo.


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(*) Pantanjali é tido como codificador do Yoga. Reuniu no Yoga Sutra o conhecimento do Yoga em forma de aforismos ou sutras para serem memorizados, pois na tradição do Yoga o conhecimento costumava ser transmitido oralmente. Posteriormente, o conteúdo do Yoga Sutra foi escrito, por isso não se tem uma datação correta de seu surgimento, porém, pelo seu estilo pode ser datado entre IV e II a.C.
A Patanjali também são atribuídos um tratado sobre a gramática e um sobre medicina.
Não se sabe se foi o mesmo Patanjali que escreveu tão vasta obra, ou se vários Patanjalis, ou ainda, se discípulos atribuíram a Patanjali seus escritos.

Pouco sabemos sobre a figura histórica de Patanjali.
O que sabemos pertence ao território mítico, narrado nos Puranas.
Sua mãe, Gonika era uma praticante de Yoga (ioguine) celibatária que alcançou grande sabedoria e passou a desejar um pupilo adequado para receber sua sabedoria. Um dia, durante uma prece, ela sentiu algo movendo em suas mãos. Esse algo era Patanjali, que recebeu este nome porque 'caiu do céu' (pata) durante a 'prece' (anjali).
É dito que ele é a reencarnação de Adishesha, o deus-serpente reverenciado por yogues e bailarinos; que nasceu três vezes, para oferecer à Humanidade a cada encarnação a codificação do conhecimento do Yoga, a gramática e a medicina.


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Iyengar nasceu em 14 de dezembro de 1918.
Criou e atualiza a ciência de aproximação ao Hatha Yoga conhecida como Iyengar Yoga, que permite aproximar a prática de yoga de qualquer humano, mesmo que tenha alguma dificuldade em relação ao exercício físico. Esta modalidade permite e incentiva o uso de acessórios (props) na prática dos asanas, permitindo que algumas dificuldades ou obstáculos relacionados com a capacidade de movimentação (em especial, alongamento e alinhamento) do corpo possam ser transpostos através da sua utilização, além de propiciar o aprofundamento das posturas. A sua abordagem permite que qualquer humano possa experienciar por si só a sabedoria inerente aos Yoga Sutra.


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Seminários:
Yamas
http://experimentexto.blogspot.com/2008/08/yamas.html
Niyamas
http://experimentexto.blogspot.com/2008/08/niyamas.html

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Série Temática Edição Absoluta/Beleza. COORDENAÇÃO E DESIGN: RICARDO MARTINS. Foto-topo: Jéssica Pulla, bellydancer, clicada por Toni Bassil.