O mito da "barriguinha" na Dança do Ventre

Neste artigo, a fisioterapeuta, bailarina e estilista de roupas de dança do ventre Cinara Klein desmistifica um desses eixos de desinformação que habita a mente de muitas mulheres: a idéia de que a dança do ventre "causa barriga".
Através de uma análise minuciosa baseada em evidências científicas, Cinara mostra o motivo pelo qual essa afirmação não pode ser realista e também desvenda as origens desse famoso mito.





A Dança do Ventre pode ser classificada como uma ótima atividade física, pois traz inúmeros benefícios à saúde física e mental de suas praticantes. Mulheres de vários países vêm usufruindo dessa atividade tão prazerosa.
Nos países do Oriente Médio - local de onde se originou esta dança -, os padrões de beleza sempre foram de mulheres com uma estrutura corporal maior e quadris avantajados. Quando a Dança do Ventre se espalhou por outros países, as mulheres que estavam acima do seu peso ideal sentiram-se mais à vontade para praticá-la. Talvez por esse motivo tenha surgido o mito da barriga na Dança do Ventre.
Ouve-se dizer, entre outras palavras, que o ato de praticar a Dança do Ventre provocaria "gordura localizada" na região do abdome. Mas como uma atividade física criaria um acúmulo de células adiposas (células que acumulam grande quantidade de gordura) na região abdominal?

Tecnicamente, a afirmação não pode ser verdadeira mas, mesmo assim, até alguns profissionais da área da saúde crêem no mito. Posso afirmar com plena convicção que a Dança do Ventre não cria barriga e no texto que segue exponho argumentos baseados em um estudo detalhado sobre o assunto, que comprovam isso.

A Dança do Ventre, assim como toda a atividade física, queima calorias: em média cerca de 300 calorias por hora de atividade. A movimentação corporal desta atividade ativa o Sistema Linfático, responsável pela desintoxicação do organismo. Este sistema, trabalhando bem, elimina de forma eficaz as toxinas, que se não forem eliminadas provocarão um acúmulo de gordura localizada em algumas partes do corpo.
Um dado muito importante é que a prática da Dança do Ventre exige e trabalha a postura de forma correta, trazendo benefícios para a postura da bailarina. É imprescindível o "encaixe" de quadril para que os movimentos possam ser realizados corretamente. O quadril é muito utilizado nesta dança, sendo beneficiado por um fortalecimento da sua musculatura, promovendo um maior equilíbrio da estrutura corporal. Sabe-se que o quadril exerce uma função importante no corpo, é formado por músculos poderosos e bem equilibrados que, não somente movimentam os membros, como também ajudam a manter a posição do tronco. A bacia se equilibra sobre o quadril e o peso do corpo será recebido na bacia, sob duas formas: pelo sacro, que suporta o peso do esqueleto, e pelas asas ilíacas, que recebem uma parte do peso das vísceras. Uma das funções desta região é oferecer uma base estável para os membros superiores. A estrutura corporal trabalha harmoniosamente com uma boa estabilidade, que pode ser bem desenvolvida através dos movimentos de quadril.

Movimento correto, uma forma correta - Agora podemos entrar no assunto da "barriga" em si, pois se sabe que muitos casos de abdome mais saliente são originados por má postura, principalmente na região lombar, que provoca uma projeção do abdome para frente. Em casos de hiperlordose, isto também pode acontecer. Movimentos como o "oito maia", provenientes da dança do ventre, são utilizados na cinesioterapia (tratamento realizado através de exercícios terapêuticos) para correções de hiperlordose. Portanto, esses movimentos, que as bailarinas tanto realizam, são conhecidos na Fisioterapia e ajudam em casos de abdome projetado por hiperlordose e má postura.
Já os movimentos ondulatórios trabalham as articulações e os músculos mais profundos, fortalecendo-os. Contribuem também para a flexibilidade da coluna, que é beneficiada de forma terapêutica, até porque o músculo transverso do abdome - responsável pela estabilização lombar - é bastante exigido nesses movimentos.
Além disso, a principal ação dos músculos abdominais tais como reto abdominal, transverso do abdome, oblíquo interno, oblíquo externo (músculo da cintura que cobre a parte inferior lateral do abdome, desde o reto abdominal até o grande dorsal) são a reflexão e a rotação do tronco, movimentos presentes na Dança do Ventre.

Podemos concluir que toda musculatura abdominal é exigida e trabalhada na Dança do Ventre. Portanto, sua prática contribui para o fortalecimento desses músculos, auxiliando na prevenção da tão temida flacidez muscular. Ajuda também na prevenção do acúmulo de gordura localizada no abdome em função do exercício repetido dessa região.

O importante é que, no momento da prática da Dança do Ventre, deve se ter muito cuidado com a postura, para que fique da forma correta para a prática dos movimentos. Assim como outros cuidados, como aquecimento e alongamento corretos, são imprescindíveis. Pois, segundo "Béziers", um movimento correto dá ao corpo uma forma correta.
Posso afirmar: o que esta dança pode fazer por você é modelar o seu corpo, deixando-a com a "barriguinha" em forma de violão e afinando a sua cintura.

CINARA KLEIN
Fisioterapeuta, Bailarina e Estilista de trajes de Dança do Ventre
www.cinaraklein.com.br
www.portaldoventre.com.br
cinaraklein@hotmail.com
PORTO ALEGRE/RS


Fotos: Arquivo pessoal e (embaixo)
LILIANE SCHNEIDER, Publicitária e Relações Públicas

4 comentários:

Anônimo disse...

Faço dança do ventre há 3 anos , tenho 47 anos, dois filhos e nenhuma barriga, rs.

Unknown disse...

Bem legal.
Vc dá aulas de dança em Poa?

Anônimo disse...

Também achei bem interessante esse texto, fiquei encantada. Também sou de Porto Alegre e me interessaria por aulas, se é possível. Beijos.

Ricardo Martins disse...

Olá, gente,

Façam contato diretamente com a Cinara pelo e-mail que consta na matéria, ok?

Luz e paz,
RICARDO MARTINS
Editor

 
Série Temática Edição Absoluta/Beleza. COORDENAÇÃO E DESIGN: RICARDO MARTINS. Foto-topo: Jéssica Pulla, bellydancer, clicada por Toni Bassil.